Meu pesadelo: o proto-fascismo brasileiro.

Após mais uma noite mal dormida, mais um pesadelo, tenho que concordar com o comentário geral de que o Brasil vive aterrorizado em decorrência do problema da segurança pública. Como parte da população, eu, citando uma conhecida frase, “tenho medo”. Desconfio, no entanto, que os motivos do meu medo sejam bem diferentes do daqueles expressos tradicional e popularmente.

Eu não sei se as coisas estão piorando ou se isso é apenas uma impressão derivada do fato de que agora temos muito mais acesso à opinião direta das pessoas por conta da popularização das redes sociais. O que eu sei é que eu estou muito assustado com o que tem acontecido nos últimos meses e, em especial, nos últimos dias.

Uns temem por conta da insegurança proporcionada pela existência de uma violência derivada do mercado varejista armado de entorpecentes, outros se apavoram com as ações marginais de crianças e adolescentes. Há, ainda, um grupo assombrado pela a ameaça da “ditadura gay” contra a família. De minha parte, fico mesmo assustado é com o que esse medo todo está causando: uma avalanche de declarações proto-fascistas vindas dos mais distintos grupos sociais.

Certo, mas o que seriam essas tais declarações proto-fascistas? Seria um exagero ou uma imprecisão usar esse conceito? Ora, se pensarmos em uma sociedade que utiliza o medo como ferramenta para manipulação, em que a política é cada vez mais condenada como esfera da corrupção, em que a violência desproporcional é defendida abertamente, em que a polícia age como uma milícia ignorando o as leis, onde o assassinato é praticado pelas forças estatais e as minorias são perseguidas e acusadas de destruir os verdadeiros valores da moral e da família, não vejo problemas em chamar este estado de coisas de proto-fascista. Isto tudo sem nem tocar na ligação entre o autoritarismo do governo e os interesses privados da burguesia industrial e financeira.

Defesa "velada" da homofobia.

Defesa “velada” da homofobia.

Com um pouco de sensibilidade crítica é possível perceber uma curva acentuada de crescimento e agravamento dessas declarações fascistóides. No início de março, após a eleição do deputado Marcos Feliciano (PSC-SP), as redes sociais foram invadidas por uma onda de postagens ultraconservadoras por parte de grupos religiosos que reivindicam para si o papel de defensores da moral e da família, condenando – muitas vezes de forma deliberadamente mentirosa e caluniadora – os defensores dos direitos das minorias como representantes de uma tal “ditadura gay”. Inverteram-se, assim, os papéis: os defensores da efetiva universalização dos direitos civis passaram a ser acusados de não respeitarem os direitos de manifestação de um grupo religioso que ataca as minorias.

O avanço do proto-fascismo continuou com a repercussão do assassinato do estudante Victor Hugo Deppman, de 19 anos, no portão de seu prédio em São Paulo, por um menor, levando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a propor oficialmente alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente. Logo, a internet foi tomada por uma nova onda dos velhos clamores pela redução da maioridade penal, incluindo tabelas contendo informações mentirosas sobre os dados das maioridades penais em vários países, que podem ser facilmente desmentidos. O problema é que a difusão desta contra-informação baseada no medo, na ignorância e no desejo de vingança fizeram com que valesse a máxima da mentira que vira verdade ao ser contada mil vezes. Tanto que uma simples busca no Google Imagens sobre a maioridade penal apresenta os dados verdadeiros perdidos no meio de dezenas charges ironizando a maioridade penal brasileira e de tabelas recheadas de informações falsas.

A maioridade penal proto-fascista pelo mundo.

A maioridade penal proto-fascista pelo mundo.

A verdadeira maioridade penal pelo mundo.

A verdadeira maioridade penal pelo mundo.

Veja este absurdo!

Veja este absurdo!

A posição proto-fascista, que desconsidera tanto a estrutura social que leva os jovens de uma camada social à marginalidade e ao crime quanto o papel correcional na vida de um adolescente, continuou ganhando força neste debate após outros menores incendiarem uma dentista em São Bernardo do Campo (SP) e, há uma semana, com o caso do estupro em um ônibus no Rio de Janeiro. Com isso, a discussão deixou as redes sociais para ganhar a capa do veículo de mídia que é ponta de lança no pensamento neoconservador e proto-fascista brasileiro, a Revista Veja, ganhando atenção especial de um dos seus mais conhecidos e mais repugnantes articulistas.

Por fim, a última gota neste gigantesco lago de brados fascistóides – e, aparentemente, o mais forte deles – foi dada com a reportagem denúncia feita pelo Fantástico sobre o assassinato do traficante Matemático, que foi tratada neste mesmo blog semana passada no texto do Renato. Este caso é peculiar não só pela intensidade da reverberação de opiniões proto-fascistas, mas também pelo fato de que elas avançam contra a própria mídia conservadora, objetificada pela sua mais poderosa instituição, a Rede Globo.

O assassinato do Matemático foi marcado por uma operação de guerra na Favela da Coréia. A ação policial foi tão arbitrária que sua defesa ou mesmo uma posição indiferente foi impossível até para as Organizações Globo (reconhecida defensora da política da Secretaria de Violência Pública, ou melhor, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e suas já famosas UPPs) e para seu empregado, o ex-PM Rodrigo Pimentel. O antigo “caveira” do BOPE deve até ter se sentido estranho tendo que criticar a barbárie dos seus ex-colegas policiais após estar acostumado a defendê-los diariamente no jornal global local no qual aparece como consultor fascistóide de segurança.

A sociedade civil agradece ao assassino.

A sociedade civil agradece ao assassino.

Desde que a matéria foi ao ar, o furor proto-fascista vem glorificando os policiais assassinos como heróis nacionais por terem passado por cima da justiça e resolvido fuzilar uma vizinhança com uma arma de grosso calibre com a justificativa de que havia um indivíduo com mandatos de prisão por ali e que a diligência terrestre responsável por capturá-lo havia passado por problemas. Claro, não há como negar sua lógica: após meses de trabalho de monitoramento em que a inteligência acompanhava todos os passos do Matemático, se ele não fosse executado naquele momento, colocando a vida de muitos inocentes em risco, ele provavelmente fugiria para nunca mais ser encontrado. Nem o mais crítico da “desinteligência” policial poderia acreditar nisto. De qualquer maneira, os policiais naquele helicóptero, por ordem superior ou não, resolveram ignorar o fato de que a pena de morte é ilegal neste país e transformaram mandatos de prisão automaticamente em sentença de morte.

Clamor pela chacina!

Clamor pela chacina!

A face real do Capitão Nascimento.

A face real do Capitão Nascimento.

Além das críticas à Rede Globo (que teria supostos “interesses” em condenar a ação dos policiais), os fascistóides das redes sociais lembraram finalmente da falta de caráter do Rodrigo Pimentel (que teve uma suposta baixa pouco honrosa na PM e se vendeu para a Globo após ter ganhado fama ao colaborar com o livro A Elite da Tropa que inspirou os filmes Tropa de Elite). Ora, se a crítica proto-fascista atingiu até a inspiração do Coronel Nascimento, era de se esperar que ela sobrasse com ainda mais violência para o personagem por trás do deputado Fraga, o parlamentar Marcelo Freixo (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa conhecido por seu trabalho na CPI das Milícias. Já figuram nas redes sociais as tradicionais críticas ao trabalho de Freixo partindo da máxima dos “direitos humanos para humanos direitos” e inclusive já há uma campanha intitulada “Quero Freixo longe do Rio”.

O deputado, contudo, fez nesta semana uma bela intervenção na Câmara lembrando que não é uma questão de deslegitimar o trabalho policial ou a qualidade técnica dos indivíduos envolvidos na operação da Favela da Coréia, mas sim de lembrar que a polícia é uma força estatal e que, por isso, tem que se diferenciar dos criminosos. A violência estatal obedece às leis e por isso o assassinato de um assassino deve ser criticado. Freixo lembrou algo ainda mais importante: a segregação sócio-espacial de classe na cidade do Rio de Janeiro, que gera uma ação irresponsável que coloca em risco a vida de cidadãos cariocas em áreas de menor prestígio, mas que nunca aconteceria nas áreas nobres da zona sul ou mesmo no centro da cidade.

A expressão final disto tudo recai sobre a política. Em última instância, tudo isto é culpa da corrupção que, nos casos menos graves de proto-fascismo, é caracterizada apenas pelo PT e, nos casos mais graves, é expressão de qualquer político ou mesmo de uma essência brasileira. Não é nada difícil achar declarações de que todos os políticos são iguais, bandidos etc.

Heróis contra a Rede Globo e os políticos.

Heróis contra a Rede Globo e os políticos.

Voltando ao meu medo, espero que a esta altura ele esteja claro. Tenho medo de que esta postura proto-fascista se alastre, tome as ruas em passeatas com Deus pela família, a moral e a propriedade, alcance o estágio da violência perpetrada por milícias privadas como os camisas negras, que aumentem as agressões às minorias e que, em última instância, leve a um fechamento do Congresso, a um regime de exceção e à passagem de um proto-fascismo a um fascismo de fato. Pode ser paranóia minha… Mas me parece motivo suficiente pra ter medo.

Sobre Fábio Frizzo

Professor universitário, doutorando em História Social e guerrilheiro de Sierra Maestra.
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14 respostas para Meu pesadelo: o proto-fascismo brasileiro.

  1. Vanessa disse:

    Fantástico! Muito bom mesmo! Agora, só uma coisa: sei que marchas como a “da família com Deus pela liberdade” ainda não existem, mas penso que seja questão de tempo. Basta atentar para a intensa mobilização da juventude em marchas como a “Marcha para Jesus” e a “Jornada Mundial da Juventude”. São imensas, e penso nas futuras marchas que estes mesmos jovens organizarão quando mais velhos, quando se derem conta do imenso peso político que isso pode ter. Grande parte da juventude é bem reacionária, o Dahmer tem várias tirinhas sobre isso. Dá medo mesmo.

  2. Aline disse:

    Ótimo texto. Mas em resposta ao comentário da Vanessa, gostaria de comentar que infelizmente já existem marchas da “família”. No ultimo feriado, em Cabo Frio teve uma marcha “em defesa da família com o seguinte tema: Família – Pai + Mãe= Filhos. :/ Eu tive a triste infelicidade de ouvir de uma das organizadoras do evento que ela e os outros colaboradores usariam e distribuiríam coletes à prova de bala, pois estavam receiosos de ativistas gays. Isso me deixou chocada, pois nesse comentário dela pude enxergar até que ponto a intolerancia religiosa chegou. Achar que homossexuais que lutam por seus direitos são perigosos ao ponto de atentar contra vida de religiosos?
    Para nossa tristeza, essa nova geração de “reacionários” são meras marionetes que são manipuladas por cada “modinha” de revolução nova que aparece. Eles não tem uma ideologia formada dentro de si.

  3. Daniel disse:

    Você tem certeza quanto às alegações sobre a idade de responsabilidade criminal nos países europeus? Fontes como BBC UK e The Telegraph repetem os “dados equivocados do proto-facismo”, nomes que carregam muito mais peso do que autores individuais, não importando o quão conceituados sejam em suas áreas de expertise. Além do mais, qualquer livro pode conter informações desatualizadas ou equivocadas. Embora o mesmo possa ser dito dos jornais, estes ainda são uma fonte mais crível do que livros impressos.

    Fonte:
    http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/7760906/Age-of-criminal-responsibility-in-England-is-among-lowest-in-Europe.html
    http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/5369274.stm

  4. Lari disse:

    Outro episódio que eu achei bizarro foi a operação policial filmada em São Paulo da prisão naquele nazistinha mineiro. O cara de fato era bizarro, e é sempre bom saber que tem um fascistão sendo punido pelo que faz, mas achei duas coisas muito curiosas:
    – como a prisão virou espetáculo filmado PELA PRÓPRIA POLÍCIA, que narrou etapa por etapa o que fez, quais eram as corporações envolvidas e tudo o mais. Guy Debord não ficaria mais feliz em ver isso.
    – como muitos dos meus amigos compartilharam loucamente o video, acriticamente, achando normal usar os mesmos métodos bizarros e sem problematizar a ação espetaculosa da polícia, e o que isso representa.

    Tempos sinistros temos pela frente…

  5. Matias disse:

    Fico me perguntando se alguém já ti assaltou ou algum bandido matou algum familiar seu? Acredito que você more em um residencial, ou voce ainda nao perdeu algo que talvez custasse duas vezes seu salário.

    • Fábio Frizzo disse:

      Matias, você já sofreu violência e por isso acha justificável a execução de criminosos? Infelizmente para o seu argumento, eu não moro num residencial, eu já fui assaltado mais de uma vez (em uma delas perdi um equipamento mais caro que meu salário) e tive um tio assassinado com um tiro numa discussão de bar. Isto valida meu argumento para você? Porque sinceramente, eu não acho que alguém precise passar por todas essas experiências terríveis que eu e minha família passamos para perceber que a solução para um mundo violento não está na violência indiscriminada, que apenas se reproduz. Justamente porque eu tive um parente assassinado que eu defendo que outras famílias não passem pelo mesmo, que a polícia não possa matar qualquer pessoa que seja.
      É fácil para as pessoas argumentarem com “isso é porque não aconteceu com você” e deve ser um tanto surpreendente quando esse argumento infeliz (que é, na verdade, a falta de argumento) se choca com uma resposta como esta, não? A resposta para a violência está em resolver suas causas, não em reproduzir suas consequências, por isso tenho medo desse discurso.

      • Barão disse:

        É como diz o provérbio, “um conservador é um liberal que foi assaltado”. Eu fui assaltado duas vezes e não virei conservador. Na verdade, essa idéia falaciosa de que a resposta pro crime é uma polícia mais violenta é o princípio de todo o problema. As pessoas defendem a pena de morte, se queixam que a justiça é corrupta, ineficiente e lenta, como se no instante em que se legalizasse a pena capital, a justiça fosse se corrigir num passe de mágica. A mesma justiça que prende inocente e solta bandido hoje, vai virar a lisura instituída e não matará ninguém injustamente! Do mesmo modo, as pessoas acham que o policial que abusa, barbariza, tortura e mata, que atropela as leis e as instituições democráticas que são, afinal, a sua razão de existir, só vai barbarizar com quem merece, não vai matar o “cidadão de bem-honesto-e-trabalhador”, que sua tortura sempre vai surtir efeito (axioma da mentalidade reacionária: tortura = verdade), que ele só vai agir ilegalmente com o outro mundo, com não-cidadãos que quase não são humanos; como se o meganha fosse muito metódico nas suas decisões de violência ilegal, como se fosse humanamente possível praticar isso sem cometer erros medonhos!
        Como diz outro provérbio, “o Brasil é o único país onde pobre é de direita”. Eu juro que não entendo!

      • Barão disse:

        Aliás, outra constatação óbvia: a polícia não é um modelo de delicadeza, nunca foi! Se pá é a instituição que menos evoluiu desde o fim da ditadura, no fundo ainda replicam uma ideologia social de repressão e violência que data desde a República Velha ou antes. Se funciona? Taí o crime em São Paulo pra responder. E mesmo com os fatos na cara as pessoas ainda querem uma polícia MAIS violenta! Onde que vamos parar?

  6. Ramom Bastos disse:

    Há uma pequena Incoerência, em relação ao “popular” Rodrigo Pimental. O tal não se encontra na condição de “ex-pm”, pois nunca houve Exoneração desse servidor, esse senhor foi “reformado” e ainda faz parte do quadro de servidores do Estado do Rio de Janeiro, ou seja “está na reserva”.

  7. Julia Resende disse:

    Fabio, adorei o texto! Só consegui ler com calma agora. Também compartilho desse mesmo medo. Mas também acho perigoso fazer essas associações diretas com relação ao proto-fascismo e algumas religiões, embora isso aconteça muitas vezes.
    De tudo isso que você falou o que mais me dá medo é o que você falou no penúltimo parágrafo e que sabemos que acontece: a acusação de que existe uma essência corrupta nos brasileiros. Para mim, é tão chocante incoerente tal declaração, que eu não entendendo se isso é uma justificativa para a sua própria corrupção ou se é uma “estrangerização” (uma falta de reconhecimento da sua brasilidade). De qualquer forma coloca a gente num beco sem saída.
    Enfim, seu texto é ótimo e renderia um comentário gigante ou um papo de horas. Mas agora eu tenho que voltar a trabalhar.

  8. Fábio Frizzo disse:

    Julia, querida, obrigado! Quanto à associação entre a religião e o proto-fascismo, eu sinceramente acho que é menos uma questão de associar uma crença do que uma prática, mas me assusta a capacidade de influência política crescente de determinados líderes religiosos e a repercussão disso. Cara, há pessoas defendendo até pastores estupradores, imagina a homofobia (melhor, nem precisa imaginar, tá aí pra ver).
    O pensamento da corrupção generalizada é, provavelmente, o mais perigoso de todos esses, apesar de ainda ser o que tem as consequências práticas menos intensas hoje. Assusta muito pela ligação com os outros indícios, como religiosos que acusam a corrupção pela aprovação de leis anti-homofóbicas ou pela luta de direitos humanos (algo do tipo: enquanto vocês veem isso, olha o que esses políticos estão fazendo!). É muito complicado, a discussão disso é enorme mesmo e eu prefiro horas de papo a comentários gigantes :)

  9. Mauricio B M Rocha disse:

    Ola amigo. Concordo com muitas ideias que voce expos – abomino expressoes como “bandido bom e bandido morto” e “direitos humanos para humanos direitos” – mas acho um pouco incoerente a sua postura. Ao se declarar “guerrilheiro de Sierra Maestra”, o amigo deixa claro sua admiracao pelos movimentos revolucionarios marxistas, que no final das contas, ao chegar ao poder sempre promovem seu proprio banho de sangue e acabam por adotar uma postura violenta e fascista (anulacao do individuo em prol do “bem” da sociedade). A proposito, sou contra o maniqueismo, contra os recas da direita e os reacas da esquerda. E o computador disponivel para mim no momento nao permite acentuacao. Obrigado, Paz.

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