A pussy e o poder: Valeska Popozuda, cultura popular e marxismo

Nos últimos dias as redes sociais têm sido palco de uma intensa (mas não nova) discussão em torno do funk carioca. Os debates, catalisados dessa vez pelo projeto de mestrado da Mariana Gomes, aprovado pelo Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades da UFF, vão do gosto pessoal (quem diz que “funk é um lixo” contra a turma do “eu me adoro, eu me amarro”), passando pela luta feminista (Valeska reivindica o feminismo, mas usar e falar do corpo daquele jeito é feminista mesmo?), chegando até a relação entre cultura popular e a luta da esquerda por transformação social.

Ensaio fotográfico da Valeska para EGO. Fonte: Globo.com

Ensaio fotográfico da Valeska para EGO. Fonte: Globo.com

Muito, mas muito mesmo já foi falado sobre o assunto. Mesmo antes da repercussão desse projeto, a Valeska e o funk carioca de modo geral têm sido assunto de conversas de bar, bate-bocas acalorados e também de reflexão acadêmica. O que a Mariana fez, como uma boa estudante de Mídia, foi ter sensibilidade para perceber um assunto que está em voga e sobre o qual vale a pena pensar teoricamente. Acho engraçadão que as pessoas se revoltem contra o fato de um projeto de pesquisa se propor a refletir sobre, bem… a realidade (aliás, quem chiou com o projeto da moça está convidado a ter um “infarto do coração” com os outros projetos aprovados pro PPCulT da UFF).

Diante do volume de informações e opiniões, minha humilde contribuição é um convite a que se pense mais amplamente sobre a questão, por um viés anti-capitalista, como é a proposta do Tim Marx. Nesse aquecimento dos marxistas, vem o Gramsci Maravilha ensinaaando:

Antonio Gramsci, marxista italiano, é conhecido por ter escrito sua obra no cárcere do regime fascista de Mussolini. Nas condições mais degradantes e diante do horror da realidade fascista, sua análise se deu no sentido de vincular necessariamente filosofia e práxis. Ou seja: os escritos do italiano tinham como objetivo a elaboração de estratégias práticas para uma transformação revolucionária da sociedade. Dentre as muitas questões sobre a realidade da época que Gramsci se colocou, ele se perguntou por que os escritores italianos não faziam sucesso entre as camadas populares, enquanto escritores estrangeiros mais antigos como Voltaire eram bastante lidos. Gramsci concluiu que o problema era que a vanguarda literária italiana não se relacionava em suas obras com a cultura, com os valores e a moralidade popular de então. Em contrapartida, esses valores eram encontrados nos textos de Voltaire e de outros autores estrangeiros populares.

E o que isso tem a ver com Valeska?

Tem a ver que não adianta que tenhamos uma posição sobre como deve ser o verdadeiro e eficaz feminismo ou a verdadeira e eficaz luta pela libertação humana e tentar impor ou sobrepor essas percepções à realidade concreta. A militância de esquerda, de modo geral, precisa trabalhar com o que existe na realidade, com a cultura e os valores populares como eles se apresentam. Uma atitude vanguardista absoluta não funciona pelo simples motivo de que a maioria das pessoas não tem interesse ou mesmo não entende coisas com as quais não consegue se relacionar. Isso não significa dizer que a “vanguarda” teria uma cultura superior e inédita em relação aos grupos populares “inferiores”. Para Gramsci, aliás, não existe tal coisa como uma cultura popular separada de uma cultura elitista: cultura é uma coisa só, um mesmo campo de disputa. Na verdade, o problema me parece bem simples: não adianta fechar a porta da sala da vanguarda acadêmica ou militante e ficar falando com as paredes. É preciso dialogar, por mais que alguns não gostem do quadradinho ou não consigam mandar o passinho. Lembram do Paulo Freire, que construía a alfabetização através da realidade concreta dos educandos? É por aí.

O que existe na realidade concreta? O sucesso estrondoso do funk. Existe aquela batida, a maneira característica de cantar, o conteúdo que inclui sexo, protesto e às vezes simplesmente o prazer de dançar. Não é só de uma estupidez grotesca rejeitar o funk como uma ofensa, um lixo cultural e uma manifestação essencialmente machista, “cooptada pela elite” ou coisa que o valha. É um erro estratégico. O marxismo, muito mais do que dialógico, precisa ser dialético, e isso é impossível se escolhemos fazer um julgamento moral da realidade, rejeitando-a.

Letra da Gaiola das Popozudas em cartaz da Marcha das Vadias.

Letra da Gaiola das Popozudas em cartas da Marcha das Vadias.

Pessoalmente, eu acho maneiríssimo que a Valeska reivindique o feminismo. Porque, de cara, ela populariza uma ideia que atualmente é desconhecida ou mal compreendida por muita gente. Essa difusão já é muito significativa. E isso não representa nenhum conflito com a minha concepção de feminismo, que inclui a luta contra o capitalismo; pelo contrário: cabe a mim, a nós, ampliar e aprofundar o debate a partir dessa realidade.

Por fim, retomo um argumento fundamental feito pelo Renato no seu texto sobre Margareth Thatcher: pessoalizar a questão empobrece o debate. Isso não é sobre a Valeska, se o seu feminismo é legítimo ou não. É muito pobre se nos detivermos num julgamento moral do funk, se é certo ou se é errado, se é danoso ou se é revolucionário. O funk, assim como a realidade em que nos encontramos, é muito, mais muito mais complexo do que qualquer maniqueísmo.

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Sobre Bárbara Araújo

professora de história, feminista, anticapitalista, capoeirista e flamenguista.
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28 respostas para A pussy e o poder: Valeska Popozuda, cultura popular e marxismo

  1. Texto maravilhoso, Bárbara! E eu nem conhecia o blog. #ShameOnMe
    O bom é que agora passarei mais vezes por aqui. :)
    Beijos.

  2. Gostei do texto Bárbara :) Um jeito refinado de constatar a importância óbvia da análise acadêmica do funk. Me incomoda como maioria das pessoas parecem ser incapazes de se descolar de seus preconceitos (gostos particulares), isso sem falar do preconceito de classe e racial que sempre aparece mais ou menos explícito nesses “debates”.
    Abraços,
    Artur Henriques.

  3. Wesley Carvalho disse:

    Além dessa postura que você critica, a de uma recusa vanguardista da discussão do funk, há aquela outra bastante renitente que é meio que o avesso: a legitimação e positivação de tudo o que é popular, o que acaba congelando a crítica. Tu podia escrever sobre isso aí depois.

  4. marcos barreira disse:

    Não conhecia o vídeo das Maravilhas. Parece propaganda de turismo sexual. São Gramsci ia “curtir”?

  5. marcos barreira disse:

    Pensar ou rejeitar… Isso sugere um pensamento bastante afirmativo. O mundo precisa ser afirmado em toda a sua positividade. A recusa saiu de moda. Vamos curtir. A questão é curtir…

    • Curtir x Rejeitar é uma coisa, pensar criticamente sobre é completamente diferente, cara.

      • marcos barreira disse:

        Não é não. As pessoas podem gostar ou não gostar das coisas em função do que pensam delas. Na verdade, isso acontece com frequência.

      • Mônica disse:

        Concordo plenamente!

      • Daniel Lopes disse:

        Mas aí entra uma questão acadêmica. Teoricamente, a dissertação busca discutir um fenômeno (funk carioca) e suas implicações culturais, etc, etc. Mas nas entrevistas da mestranda e textos publicados pela mesma, constatamos que não existe problemática na pesquisa! Ela já tem uma resolução para o que seria a problemática. Nesse sentido não é sequer uma pesquisa, apenas panfletagem de um gosto musical particular. Só mostra como as pós graduações investem mal seu dinheiro

      • Daniel, eu não queria entrar na polêmica concernente à pesquisa da Mariana em si, queria aproveitar a deixa pra fazer uma discussão mais ampla sobre a importância de pesquisar o funk e também a relação da militância com a cultura popular. Sobre o caso específico da dissertação, acho que a Mariana parte de um ponto de vista já formado pela sua experiência com a cultura funk. Não acho que tem nada de errado metodologicamente com isso. Dentro de um projeto, figura como hipótese.

  6. Amanda disse:

    Esse texto me representa. Se alguém me perguntar o que eu acho do Funk e da Valeska, vou mandar seu texto. :D

  7. Sabe, me coloco em algumas questões, ao mesmo tempo que a cadeia produtiva do Funk tem toda uma questão ligada a criminalidade, e a prostituição pela opressão da mulher, o fato dos caras colocarem a mulher como submissa, a cultura de estupro presente nos bailes funk, temos o outro lado, que é Dayse Tigrona, por exemplo ao qual fez a musica citada no texto, A porra da buceta é minha, a história dela é incrivel, uma ex dona de casa, empregada doméstica e todas as letras de imposição e afirmação da mulher no funk, foi ela que começou, essa mina inverteu a lógica do funk que ná epoca era de ridicularizar a posição da mulher.

    Hoje ela é cantora internacional, a M.I A pegou um Sample dela, que virou sucesso, subiu no palco dos melhores festivais mundiais, levando sim uma idéia feminista, por mais que não falasse abertamente.

    Enfim era só pra constar.

    • O que eu conheço da Deise Tigrona é do “Sou feia mas tô na moda”, nem sabia que “A porra da buceta é minha” era composição dela, muito legal. Existe uma dimensão de empoderamento das mulheres no funk, sim, mas não é uma parada majoritária, né. Legal saber sobre esse sucesso internacional da Deise também. Obrigada pelo comentário! :)

  8. Felipe Duque disse:

    Perfeito, camarada.

    O debate é muito mais abrangente. Às vezes, a galera do campo da esquerda esquece que a mediação atravessa os diversos âmbitos que cortam a superestrutura, especificamente o cultural. Além do preconceito generalizado com o gênero musical popular (funk), há o moralismo travestido de “militância feminista” contra a “objetificação do corpo”.

    Não sou mulher, não tenho propriedade empírica para falar, mas, acredito que na desconstrução da sexualidade sob uma ótica de dominação masculina, problematizando o corpo feminino e auto-afirmando com um viés avançado, buscando refletir quanto a determinadas caracterizações pejorativas (“piranha, etc, etc), são elementos pra gente abrir uma discussão. Me corrija, se eu estiver falando merda, por favor.

    Belo texto!

  9. Isabelle disse:

    Falar gratuitamente de sexo, dentro do contexto mais capitalista possível como é o caso do funk não é novidade, nem vanguarda e não possui a menor legitimidade artística.
    Valezka fala da mulher e do “feminismo” usando fórmulas prontas e já comercializadas.
    Não vai além do óbvio e se impõe exclusivamente através do corpo siliconado. Fosse muito feia ou muito gorda não teríamos jamais ouvido falar dela, já que não possui outro talento além de rebolar.
    Suas músicas falam de dominação, exploração da sexualidade feminina como forma de poder e isso é simplesmente medíocre. É transformar o feminismo em simples revanchismo: vamos devolver em forma de vingança o mesmo sofrimento que nos causaram. Pergunte a Valeska, que é evangélica, o que ela pensa sobre o aborto e verá até onde vai sua ideia sobre autonomia feminina.
    Salvo raríssimas exceções, o funk é ruim porque é raso, musicalmente pobre e sobrevive pela falta de opção. Da periferia Cartola, Bezerra da Silva e Mano Brown também vieram.
    É o reflexo de uma ditadura militar não superada que destruiu a educação em todas as camadas, esvaziou os debates e a capacidade de argumentação.
    Como resultado, temos agora uma juventude que acha que falar palavrões e obscenidades é ser revolucionário e contestador.

    Concluindo: a aluna da UFF apresentou apenas um projeto de pesquisa. Tenho pra mim, pela resposta pública que deu a Raquel Sherazade, que será completamente dilacerada pelo primeiro intelectual mediano que encontrar pela frente.

  10. Luiza disse:

    Tá difícil a interpretação de texto da galera, hein.

    O que ela disse e repetiu foi: tu podes analisar criticamente o funk ou qlqh manifestação cultural, mas o importante é analisar aquilo como elemento da cultura, como algo que, querendo tu ou não, tem importância social. É fato isso. É legal analisar qual é o impacto disso, qual é significado atribuído a essa manifestação. Isso não tem nada a ver com gosto pessoal, com considerar o funk bom ou ruim.

  11. Bárbara, parabéns! Enfim mais uma de nós que diz que não vem ao caso e nem interessa se o funk é ou não revolucionário, UFA!!! (Ou UFF, sorry, não resisti). A questão toda é que é preciso separar metodologia de postura. Literalmente, FODA-SE se você gosta do funk, se ele é revolucionário ou o escambau: do ponto de vista metodológico, o que importa é a demarcação do problema. E está muito bem demarcado: há evidência abundante de uma expressão de subversão e não conformidade NESTA (e não naquela) comunidade de pensamento (a la Fleck) ou cultura artístico-urbana-lsdjfçdjfaçdkjs (terminologia em aberto, neologismos em construção). Existe um fenômeno de desconstrução de determinado discurso dominante? Wow! Será que rola um pouco de rigor metodológico ou é pedir muito? Meu deus, o que me impressiona não é a adesão militante das pessoas (com o quanto isso é capaz de nublar a racionalidade eu estou familiarizada há 25 anos). O que me impressiona é que de dentro da torre de marfim a fragilidade e carência de firmeza metodológica seja tão… tão… ridícula. Querem uma foto da minha bunda? todas nós temos, sabia? eu topo.

  12. Isabelle disse:

    Concordo com a autora que pessoalizar a questão empobrece o discurso. Mesmo ela tendo concluído o texto dessa maneira após tê-lo baseado completamente em opiniões pessoais e muito longe da imparcialidade. Nenhum problema, afinal isso é um blog.
    Por isso discordo de algumas posições defendidas e coloco as minhas: pessoais, logicamente.
    Qual o problema nisso? Ou estou invadindo um clube de amigas em que só é permitido concordar?
    Não vejo aqui seja um espaço para citarmos Adorno, Barthes ou coisa que o valha e também não acredito que o objetivo do texto da Bárbara tenha sido analisar a metodologia de pesquisa (!?!) da aluna da UFF, mas sim a repercussão social em torno do tema por ela escolhido.
    E para as que não entenderam: o problema não é que o funk seja discutido e sinceramente foda-se a Valeska: ela tem o direito de cantar e dançar o que quiser.
    A menina da UFF tem o direito de fazer um mestrado sobre cuspe se ela quiser.
    Assim como eu tenho o direito de considerar um clichê do pseudointelectual achar tudo isso uma quebra de paradigmas estabelecidos (ou seria a desconstrução de um discurso dominante?) ou qualquer coisa anticapitalista, quando é exatamente o contrário.
    E que bom quando a racionalidade é nublada, sinal de que estamos indo em busca do novo.

  13. Giancarlo Sanguinetti disse:

    O debate, bem como o texto, levanta muitos aspectos que merecem ser debatidos!
    1) É preciso levantar a defesa da liberdade de pesquisa. Não deve haver nenhum tema que não possa ser pesquisado! Se muitos teóricos já trataram de temas “proibidos” como tema de pesquisa (como o orgasmo feminino, a homossexualidade, o tabu do incesto, etc.) por que com funk (um simples gênero musical) seria diferente?
    2) É preciso defender o funk dos ataques preconceituosos e elitistas de quem não o vê como “cultura”. A maior parte destes ataques são na verdade ataques que tem por base o racismo, o preconceito contra a população favelada, etc.
    3) Não entendi a colocação do Gramsci no texto deste blog. O que seria uma atuação revolucionária e dialética (com diálogo) com o funk? Concretamente poderia citar a atuação da APAFUNK (acompanho este debate à distância) que atua, ao que me parece, mais no marco democrático burguês de reconhecimento do funk como cultura (para impedir a proibição de bailes e a ilegalidade como um todo do gênero e dos que trabalham em torno dele) e a experiência de alguns anarquistas em produzir músicas crítica neste gênero, o anarcofunk (ver em http://www.myspace.com/anarcofunk).
    4) Interessantíssima a colocação do “Wesley Carvalho”. Com a crítica ao vanguardismo da crítica a autora, e quase todos os que seguem a Gramsci, acabam por cair no “reboquismo da realidade”. Resta reafirmar a realidade como cultural (tudo é cultura, afinal…) chovendo no molhado e não realizando a crítica necessária. Ir à raiz do problema é ir ao homem, como disse Marx, e ir ao homem é ir, (em uma sociedade de classes) em última instância, à luta de classes.
    5) Por fim, e acho que é o mais importante (até mesmo o objetivo de pesquisa da estudante de mestrado) é analisar a relação da cantora com o feminismo, e até que ponto a primeira contribui com o segundo… Aqui é necessário definir o conceito e os objetivos do movimento feminista. Na minha humilde visão o movimento feminista é atualmente hegemonizado pela concepção pequeno-burguesa do tema. É preciso lutar contra o “machismo”, ou contra a “dominação masculina”. Desta forma, opondo a mulher ao homem. É esquecido, assim, que o “machismo” surgiu com a sociedade de classes, e a libertação feminina nunca ocorrerá enquanto não ocorrer a libertação da humanidade, ou seja, a superação da sociedade de classes. Para o aprofundamento deste debate sugiro a leitura deste texto (http://informecritica.blogspot.com.br/2011/03/emancipacao-feminina-e-emancipacao.html), apesar de muitas discordâncias com o autor em outros temas, neste texto ele foi perfeito!
    6) Continuando… a Popozuda será feminista só porque se afirma desta forma? Discordo da autora do texto que é positivo que ela se intitule desta maneira, melhor ser “feminismo” uma palavra pouco divulgada mas crítica do que uma palavra vulgarizada. Alguém que usa do corpo-objeto para ganhar dinheiro, participa com a sua banda de nome “Gaiola das Popozudas” de filmes pornôs (coisificação do ato sexual), etc não pode ser defendida como feminista porque tem um ou outro refrão que afirme que o corpo da mulher pertence à mulher. Isto é no máximo um pseudo-feminismo, tão impotente como é o reformismo e o centrismo no campo político revolucionário…

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  17. Di disse:

    Cuando la concepción del mundo no es crítica y coherente sino ocasional y disgregada, se pertenece simultáneamente a una multiplicidad de hombres-masa, la propia personalidad está compuesta en forma extraña: se encuentran en ella elementos del hombre de lm cavernas y principios de la ciencia más moderna y avanzada, prejuicios de todas las fases históricas pasadas toscamente localistas e intuiciones de una filosofía futura tal como la que será própria del género humano unificado mundialmente. Criticar la propia concepción del mundo significa, pues, hacerla unitaria y coherente y elevarla hasta el punto al que ha llegado el pensamiento mundial más avanzado. Significa, pues, también, criticar toda la filosofía que hasta ahora ha existido, en cuanto que ésta ha dejado estratificaciones consolidadas en la filosofia popular. El inicio de la elaboración crítica es la conciencia de lo que es realmente, o sea un “conócete a ti mismo” como producto del proceso histórico desarrollado hasta ahora que ha dejado en ti mismo una infinidad de huellas recibidas sin beneficio de inventario. Hay que hacer inicialmente ese inventario. – Gramsci.

    – Desejo a todas INIMIGAS vida longa (re-afirmação da disputa entre mulheres)
    […] late mais alto (ou seja, a outra é um “cadela”)
    que do palco (distinção de posição, de classe) eu não te escuto
    […] O meu sensor de PERIGUETE explodiu – re-afirmação do machismo, etc.

    W. Popozuda… muito longe do feminismo… não?

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